O que é laceração e episiotomia: tudo o que você precisa saber
Publicado por Doula Brasil em
O que é laceração e episiotomia: tudo o que você precisa saber
A gestação é um período que envolve muitas expectativas, realizações e também alguns medos. Dentre os principais temores, a ocorrência de lacerações durante o parto vaginal vem tirando o sono das mulheres, assim como a necessidade ou não de se fazer a episiotomia.
É muito comum que, durante o parto normal, ocorra algum tipo de rompimento da pele ou até músculos para que o bebê consiga sair. Em média, de 53% a 79% das mulheres afirmam terem sofrido essa fissura, mesmo que leve.
O principal problema de ocorrer a laceração é quando ela rompe também o ânus. Para “facilitar” o parto e evitar essa laceração existe a episiotomia, que é o corte realizado na abertura do canal vaginal para aumentar o espaço disponível para o bebê passar. Ela tem se tornado uma prática comum e, ao mesmo tempo um tanto quanto polêmica.
Qual a diferença entre laceração e episiotomia?
A diferença entre laceração e episiotomia é um questionamento frequente ao longo da gestação.
- A laceração perineal nada mais é do que um rasgo que ocorre naturalmente no tecido do canal do parto, mais especificamente na zona do períneo, durante a saída do bebê. Ela pode ocorrer por diversos motivos, mas o principal dele deve-se ao tamanho da cabeça do bebê. No caso, ela costuma ser maior do que o canal e, conforme ela vai passando pela pelve e os tecidos são esticados, pode desencadear no ferimento.
- A episiotomia é justamente o corte que os médicos costumam fazer para evitar que ocorra uma laceração grave. Sua principal indicação é para evitar que haja laceração do ânus. É feita com um bisturi, são cortados pele e músculos da vulva de preferência na região lateral para evitar laceração do ânus durante a saída do bebê. Após, tudo é devidamente costurado.
A grande polêmica em relação a episiotomia é que ela não é necessária em todas as situações porque não é sempre que ocorrerá a laceração grave. Porém, alguns profissionais acabam sugerindo o procedimento até para agilizar o parto, impondo desnecessariamente às mulheres as consequências que esse corte oferece posteriormente.
Categorias da laceração
A laceração pode ser classificada em graus, conforme a região em que o corte atinge e a sua intensidade:
- 1º grau: Na laceração mais leve, costumam ser afetados somente os pequenos lábios, a mucosa vaginal ou a pele superficial do períneo. O corte costuma se regenerar naturalmente, algumas vezes não necessitando dar pontos;
- 2º grau: Além de afetar as regiões citadas na laceração de 1º grau, atinge os músculos perineais e a fáscia, que é o tecido fibroso que serve de fixação de alguns músculos. Nessa lesão, costuma-se indicar dar pontos para ajudar na cicatrização;
- 3º grau: Juntamente das zonas já citadas, adiciona-se a laceração do esfíncter anal, independente se o corte é superficial ou se chega a rasgá-lo internamente. Nesse caso, é importante tomar alguns cuidados e reconstruir o esfíncter com pontos durante o parto para que a sua reestruturação ocorra rapidamente, alguns casos é também necessária a reabilitação com fisioterapia do assoalho pélvico;
- 4º grau: Esse nível mais grave de laceração ocorre quando, além de todas as regiões afetadas nos demais graus, atinge a mucosa anal. Trata-se do grau mais crítico e, portanto, é fundamental tomar todos os cuidados necessários.
Apesar de a laceração perineal em direção ao ânus ser a mais comum, é possível ocorrer o corte em outros locais, como próximo à uretra, no topo da vagina. Chamada de laceração periuretral, ela costuma ser pequena e não atinge o músculo, fazendo com que seja menos dolorosa e a cura, mais rápida, requerendo somente alguns pontos.
Há casos há a ruptura do colo do útero que também deve ser reconstruído logo após o parto.
Quais as causas e consequências da laceração
Há diversos motivos que podem levar à laceração, visto que se trata de uma região sensível e que requer uma ampliação de tamanho para que o parto ocorra.
De forma geral, os principais fatores de risco são:
- Primeiro parto vaginal;
- Segundo parto vaginal em que o parto anterior já ocorreu o machucado;
- Bebê muito grande;
- Distância entre o ânus e a abertura vaginal muito pequena;
- Quando o parto ocorre muito rapidamente;
- Quando não há preparo do períneo durante a gravidez.
A laceração pode ocorrer também mesmo com o procedimento de episiotomia, como se o corte se ampliasse devido ao esforço ou tamanho do bebê ou até em outros locais.
Esse rompimento não costumam gerar problemas muito sérios a longo prazo, principalmente quando ocorre nos níveis mais leves. Para quem teve problema de grau três ou quatro, porém, pode ter sequelas mais graves.
Apesar de raras, as principais reclamações relatadas pelas mulheres após a laceração são:
- Incontinência urinária e fecal;
- Urgência para ir ao banheiro;
- Dor perineal crônica;
- Dor durante a relação sexual.
Em que casos a episiotomia é indicada?
Por se tratar de um procedimento cirúrgico, a episiotomia deve ser realizada com cautela e somente quando a necessidade for real.
Para muitos médicos, há dificuldade em saber quando efetivamente o períneo corre o risco de se romper e, para evitar a laceração, acabam partindo para a episiotomia. Porém, a Organização Mundial da Saúde afirma que a técnica somente deve ser aplicada em casos específicos, principalmente quando há risco para a mãe.
Assim, o corte realizado por bisturi é recomendado quando:
- Há chances de ocorrer uma laceração grave (graus 3 ou 4) durante a saída do bebê;
- Quando o rompimento pode gerar sequelas na mulher.
Só é possível saber se a episiotomia será necessária durante o parto!
A principal polêmica que envolve esse procedimento é o fato de muitos médicos o realizarem sem o consentimento da mulher ou simplesmente para facilitarem o seu trabalho de parto.
Porém, apesar disso, trata-se de uma técnica simples que não precisa ser totalmente eliminada, desde que realizada por um profissional realmente habilitado. Caso o corte seja feito da maneira incorreta, a mulher pode não conseguir a proteção do esfíncter do ânus (que é a principal indicação). Outras consequências da episiotomia seria dor, infecção, hematomas e até rejeição aos pontos.
É possível evitar a laceração?
A boa notícia é que é possível diminuir a chance de ocorrer a laceração e/ou a episiotomia. Uma das alternativas é realizar a fisioterapia pélvica ao longo da gravidez.
Através dos exercícios, há o fortalecimento do períneo, da musculatura do glúteo e do quadril, proporcionando que a mulher tenha maior controle sobre a sua região genital durante o parto.
Nestes exercícios pode-se utilizar também dispositivos que alongam o canal vaginal e facilitam o parto.
Um conceito de parto que vem ganhando bastante destaque é o chamado parto humanizado. A ideia central dele é deixar que a natureza faça o seu trabalho e ao seu tempo, ou seja, com o mínimo de intervenção médica.
Através dele, é a mulher que dá o seu ritmo, além de poder escolher vivenciar o momento na cama, na água, em casa ou no hospital.
Por não ter nenhum tipo de pressão, é um parto que vem para desmistificar a ideia de ser um momento que necessita de algum tipo de intervenção, transmitindo a ideia de ser uma experiência saudável e única. Neste tipo de parto geralmente evita-se ao máximo a realização da episiotomia.
Como se recuperar em caso de laceração e/ou episiotomia
Caso a laceração seja inevitável, com ou sem a episiotomia, é normal que alguns sintomas surjam, como desconforto e dor ao sentar. Para aliviar a região afetada, são muito indicadas as compressas com gelo. Uma dica é molhar um pouco o absorvente de calcinha, deixar no freezer e depois deixar na calcinha por 15 minutos. Isso alivia a dor além de diminuir o inchaço da região e facilitando a cicatrização.
Quem quiser ativar ainda mais a recuperação, pode realizar banhos de assento com algum chá, como:
Barbatimão: Possui ação antibacteriana, analgésica, coagulante, anti-inflamatória e adstringente;
Transagem: Cujas propriedades medicinais são de ser cicatrizante, antisséptica e anti-inflamatória;
Calêndula: Considerada antibacteriana, cicatrizante, sedativa e anti séptica.
Em caso da necessidade de pontos, o médico pode receitar o uso de anti-inflamatório ou alguns sprays com analgesico.
Junto a isso, é indicado que a mulher tome alguns cuidados, como evitar relações sexuais nos primeiros 40 dias pós parto (a famosa quarentena) e, se necessário, aderir o uso de almofadas, que nem nos casos de hemorroidas.
Agora que você já sabe o que são laceração e episiotomia, cabe a você buscar alternativas para evitar a sobrecarga no períneo, fortalecer o períneo durante a gestação e discutir com seu médico todas as possibilidades no parto que se aplicam a você.
O acompanhamento de uma Doula e realizar a educação perinatal também são de suma importância para evitar episiotomias desnecessárias e outros tipos de violência obstétrica, além de desmistificar medos e empoderar a gestante nas suas escolhas. A informação é essencial para ter uma parto em que a mulher seja a protagonista e possa tomar decisões de forma consciente.
Fontes: Lilian Fiorelli – aliraclinica.com.br
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